Educação para os ODS: Por que sua Escola é peça-chave na Agenda 2030 da UNESCO?

Alessandra Okamoto e Denise Saleh

6/6/20256 min read

Em um mundo interconectado, enfrentamos desafios globais complexos e urgentes: das mudanças climáticas à erradicação da pobreza, passando pela busca por igualdade e justiça.

Em resposta a essa realidade, a comunidade internacional se uniu em 2015 para adotar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação universal que estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esses objetivos representam um chamado ambicioso para transformar nosso mundo, garantindo um futuro mais próspero, pacífico e equitativo para todos, sem deixar ninguém para trás.

Mas como alcançar metas tão abrangentes? A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) é categórica ao afirmar que a educação não é apenas um dos objetivos (o ODS 4), mas sim a chave mestra, o motor fundamental para impulsionar o progresso em todas as demais áreas. No entanto, não se trata de qualquer educação. Falamos de uma abordagem específica, transformadora: a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS).

Este artigo, o primeiro de uma série que a VerdEdu dedicará a este tema crucial, mergulha nas bases conceituais apresentadas pela UNESCO no documento "Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Objetivos de aprendizagem".

Exploraremos por que a EDS é tão vital para a Agenda 2030 e como as escolas estão no centro dessa jornada de transformação, capacitando as novas gerações a se tornarem verdadeiros agentes de mudança para um futuro sustentável.

A EDS como motor dos ODS: uma transformação na ação

A UNESCO, em seu documento orientador, deixa claro: a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) vai muito além de simplesmente incluir temas como "meio ambiente" ou "pobreza" no currículo. Trata-se de uma abordagem educacional holística e transformadora, que visa equipar os indivíduos com as ferramentas necessárias não apenas para entender os desafios globais, mas para agir de forma responsável e eficaz na busca por soluções.

Qual a diferença fundamental?

Enquanto a educação tradicional pode focar na transmissão de conhecimento, a EDS concentra-se no desenvolvimento de competências de sustentabilidade. O objetivo é capacitar os educandos a:

  • Refletir criticamente sobre suas próprias ações e seus impactos sociais, culturais, econômicos e ambientais, tanto local quanto globalmente.

  • Tomar decisões informadas em situações complexas, considerando as múltiplas dimensões da sustentabilidade.

  • Agir de forma responsável para promover a integridade ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social.

  • Participar ativamente em processos sociopolíticos para impulsionar a sociedade em direção a um futuro mais sustentável.

Essa abordagem é inerente ao conceito de educação de qualidade (ODS 4) e deve permear todos os níveis e modalidades de ensino, desde a pré-escola até a educação superior e a aprendizagem não formal. A EDS não é um "extra", mas sim a essência de uma educação relevante para os desafios do século XXI.

As competências-chave para agentes de mudança

Para formar esses agentes de mudança, a EDS foca no desenvolvimento de um conjunto de competências transversais essenciais, que se aplicam a todos os ODS. A UNESCO destaca:

  • Competência em pensamento sistêmico: A capacidade de reconhecer e compreender relações, analisar sistemas complexos, perceber como os sistemas estão inseridos em diferentes domínios e escalas, e lidar com a incerteza.

  • Competência antecipatória: A capacidade de compreender e avaliar múltiplos

futuros – possíveis, prováveis e desejáveis –, criar as próprias visões para o futuro, aplicar o princípio da precaução, avaliar as consequências das ações e lidar com riscos e mudanças.

  • Competência normativa: A capacidade de compreender e refletir sobre as normas

e os valores que fundamentam as ações de cada um; e de negociar valores, princípios, objetivos e metas de sustentabilidade em um contexto de conflitos de interesses e trade-offs, conhecimento incerto e contradições.

  • Competência estratégica: A capacidade de desenvolver e implementar

coletivamente ações inovadoras que promovam a sustentabilidade nos âmbitos local e mais amplo.

  • Competência em colaboração: A capacidade de aprender com os outros;

compreender e respeitar as necessidades, perspectivas e ações dos outros (empatia); compreender, relacionar-se e ser sensível aos outros (habilidades interpessoais); e lidar com conflitos em grupo.

  • Competência em pensamento crítico: A capacidade de questionar normas, práticas e opiniões; refletir sobre os próprios valores, percepções e ações; e tomar uma posição no discurso da sustentabilidade.

  • Competência em autoconsciência: A capacidade de refletir sobre o próprio papel

na comunidade local e na sociedade (global); avaliar continuamente e motivar as próprias ações; e lidar com os próprios sentimentos e desejos.

  • Competência integrada na resolução de problemas: A capacidade abrangente

de aplicar diferentes estruturas de resolução de problemas a problemas complexos de sustentabilidade e desenvolver opções de solução viáveis e equitativas que promovam o desenvolvimento sustentável, integrando as competências acima mencionadas.

Ao cultivar essas competências, a educação transcende a mera informação e passa a formar cidadãos capazes de enfrentar a complexidade do mundo real e contribuir ativamente para a construção de um futuro melhor.

Colocando a EDS em prática: O papel transformador da Escola

Entender a importância da EDS e das competências de sustentabilidade é fundamental, mas como as escolas podem efetivamente incorporar essa abordagem em seu dia a dia? O documento da UNESCO oferece diretrizes claras, mostrando que a transformação envolve múltiplos níveis:

Pedagogias ativas e centradas no Aluno

A EDS exige uma ruptura com modelos de ensino puramente expositivos. É preciso adotar pedagogias interativas e centradas no educando, que promovam a participação, a colaboração e a resolução de problemas. Isso inclui métodos como:

  • Aprendizagem baseada em projetos: Envolver os alunos na investigação e solução de problemas reais de sustentabilidade em sua comunidade.

  • Estudos de caso: Analisar situações concretas para compreender a complexidade das questões de sustentabilidade.

  • Aprendizagem colaborativa: Trabalhar em grupo para desenvolver habilidades de comunicação, empatia e negociação.

  • Conexão com a comunidade: Trazer a realidade local para a sala de aula e levar a aprendizagem para fora dos muros da escola.

Essas abordagens tornam o aprendizado mais significativo e engajador, e são essenciais para desenvolver as competências de sustentabilidade na prática.

Integração curricular e formação Docente

Como mencionado, a EDS não é uma disciplina isolada. É preciso integrá-la de forma transversal em todas as áreas do conhecimento. Isso requer uma revisão dos currículos e materiais didáticos, buscando oportunidades para conectar os conteúdos existentes aos ODS e aos princípios da sustentabilidade. Igualmente crucial é a formação inicial e continuada dos professores, capacitando-os com o conhecimento e as ferramentas pedagógicas necessárias para implementar a EDS de forma eficaz.

A abordagem da escola integral (Whole School Approach)

A transformação mais profunda ocorre quando a sustentabilidade permeia toda a cultura e gestão escolar. A UNESCO incentiva a abordagem da escola integral, onde os princípios da EDS são refletidos não apenas no currículo, mas também:

  • Na gestão dos recursos: Implementando práticas para economizar água e energia, gerenciar resíduos (coleta seletiva, compostagem) e criar espaços verdes (hortas).

  • No clima escolar: Promovendo um ambiente inclusivo, democrático, participativo e que valorize a diversidade.

  • Nas relações com a comunidade: Estabelecendo parcerias e engajando a comunidade local em projetos de sustentabilidade.

O caminho facilitado: como a VerdEdu pode apoiar

Implementar a EDS pode parecer uma tarefa complexa, mas as escolas não precisam trilhar esse caminho sozinhas. A VerdEdu, alinhada aos princípios da UNESCO, atua como uma parceira estratégica, oferecendo suporte prático para essa jornada. Através do Diagnóstico da Gestão da Sustentabilidade Escolar, a VerdEdu ajuda a escola a mapear sua situação atual, identificando desafios e oportunidades tanto na gestão quanto no currículo. Seus planos personalizados oferecem um roteiro claro, desde ações iniciais de baixo investimento até a implementação de projetos mais robustos e a busca por reconhecimento, como o Selo VerdEdu de Escola Sustentável. Além disso, os treinamentos oferecidos capacitam toda a comunidade escolar – gestores, professores, alunos e funcionários – a abraçar e implementar as práticas sustentáveis no dia a dia.

Ao adotar a EDS, sua escola além de contribuir para as metas globais da Agenda 2030, também se posiciona como um espaço de aprendizado relevante, preparando seus alunos para os desafios e oportunidades do século XXI. É um investimento no futuro de todos.

Próximos Passos:

Continue acompanhando nossa série para aprofundar seus conhecimentos sobre como a Educação para o Desenvolvimento Sustentável pode revolucionar sua escola. Quer saber como a VerdEdu pode ajudar sua instituição a dar os primeiros passos nessa jornada? Entre em contato conosco!