Impactos Profundos: Como as Mudanças Climáticas Transformam o Planeta

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Denise Saleh

3/13/202516 min read

As mudanças climáticas afetam todas as regiões do mundo. As calotas polares estão derretendo e o nível do mar está subindo. Em algumas regiões, chuvas intensas com inundações estão se tornando mais comuns, enquanto outras regiões estão experimentando secas mais extremas.

As mudanças climáticas são uma ameaça muito séria, e suas consequências impactam muitos aspectos diferentes de nossas vidas. Abaixo, você pode encontrar algumas consequências das mudanças climáticas.

Altas Temperaturas


A crise climática é impulsionada principalmente pelas atividades humanas que aumentaram a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, resultando no aquecimento global. Esse aquecimento elevou ao aumento da temperatura média global e está associado a eventos climáticos extremos, como ondas de calor. Temperaturas mais altas podem causar aumento da mortalidade, redução da produtividade e danos à infraestrutura. Os membros mais vulneráveis da população, como os pobres, os idosos e os bebês, são os mais afetados.

Essas mudanças estão alterando a distribuição e a abundância de muitas espécies de plantas e animais, que já estão sob pressão da perda de habitat e da poluição.

O aumento das temperaturas também influencia a fenologia – o comportamento e os ciclos de vida de espécies animais e vegetais. Isso poderá, por sua vez, levar a um aumento no número de pragas e espécies invasoras, e a uma maior incidência de infecções microbianas e virais em humanos.

Além disso, a viabilidade da agricultura e da pecuária, ou a capacidade dos ecossistemas de fornecer serviços e bens importantes (como o fornecimento de água limpa ou ar fresco e limpo) podem diminuir.

Temperaturas mais altas aumentam a evaporação da água, o que – juntamente com a falta de precipitação – aumenta os riscos de secas severas. Extremos de baixa temperatura (ondas de frio, dias de geada) podem se tornar menos frequentes na Europa.

O ano de 2024 foi o mais quente no Brasil desde 1961, a média da temperatura no país ficou 0,79ºC acima da temperatura histórica de 1991/2020.

Secas e Incêndios Florestais

As mudanças climáticas têm intensificado a frequência, a severidade e a duração das secas em diversas regiões do mundo. A seca é caracterizada por um déficit temporário e anormal na disponibilidade de água, resultante da combinação entre a falta de chuvas e o aumento da evaporação. Esse fenômeno difere da escassez de água, que se refere à insuficiência de recursos hídricos para atender às demandas humanas e ambientais, podendo ser causada tanto por fatores naturais e geográficos, quanto por fatores humanos, como consumo excessivo, poluição e gestão inadequada dos recursos hídricos.

Os efeitos das secas são amplos e em cascata, impactando setores essenciais como a agricultura, a silvicultura, o abastecimento de água potável, a infraestrutura de transporte fluvial e a biodiversidade. A redução dos níveis de água em rios e aquíferos prejudica o crescimento de plantas e árvores, favorece a propagação de pragas e intensifica a ocorrência de incêndios florestais.

Em agosto de 2024, 963 municípios brasileiros tiveram mais de 80% de suas áreas agrícolas afetadas pela seca, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A situação foi especialmente crítica para as pastagens, que, devido à estiagem prolongada, apresentaram queda na qualidade e na produtividade, impactando diretamente a pecuária.

A seca extrema em 2024 também levou a um aumento expressivo dos incêndios florestais no Brasil, registrando a maior área queimada dos últimos seis anos. Foram contabilizados 278.299 focos de incêndio, um crescimento de 46,5% em relação a 2023, com uma área devastada de 17,9 milhões de hectares.

O estado de São Paulo foi muito afetado. O número de focos de incêndio saltou de 1.104 em 2023 para 5.281 em agosto de 2024. A produção de cana-de-açúcar sofreu impactos significativos: segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os incêndios atingiram 480 mil hectares em 8.049 propriedades rurais. Um levantamento da UNICA revelou que aproximadamente 231,83 mil hectares de cana foram destruídos pelas chamas.

As consequências da escassez de chuvas vão além do setor agropecuário. A falta de precipitação ameaça a segurança energética, alimentar e hídrica em diversas regiões do Brasil. Os níveis dos rios na Amazônia e no Pantanal atingiram marcas historicamente baixas durante as secas de 2019 a 2021 e 2023 a 2024, agravando os impactos socioambientais nessas áreas.

Se a temperatura média global aumentar 3°C, projeta-se que as secas se tornarão ainda mais frequentes e intensas, gerando perdas econômicas significativas e ameaçando a sobrevivência de milhões de pessoas.

Disponibilidade de Água

As mudanças climáticas estão transformando o ciclo da água em todo o mundo. O aumento das temperaturas altera os padrões de chuva, acelera a evaporação, derrete geleiras e eleva o nível do mar. Esses fatores reduzem a disponibilidade de água doce e agravam a sua qualidade.

Secas mais severas e prolongadas, aliadas ao aumento da temperatura da água, favorecem o crescimento de algas e bactérias tóxicas, tornando a água imprópria para consumo e ampliando o problema da escassez, já intensificado pelas atividades humanas. Chuvas intensas e repentinas, afetam tanto a quantidade quanto a qualidade da água pois, aumentam o risco de esgoto não tratado ser carregado para rios e lagos, contaminando as fontes de abastecimento. Na Europa, por exemplo, 40% da água doce provém dos Alpes, mas a redução da neve e das geleiras pode causar escassez, comprometer o transporte fluvial e a geração de energia hidrelétrica.

No Brasil, em 2024, o país enfrentou o ano mais seco em sete décadas, com impactos severos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Cerca de 58% do território nacional – equivalente a 5 milhões de km² – enfrentou condições de seca até agosto, afetando 1.400 municípios com níveis severos de estiagem.

Essa crise hídrica está diretamente ligada a fenômenos naturais, como o El Niño, e ao agravamento das mudanças climáticas. A redução dos níveis dos rios tem intensificado queimadas, prejudicado a produção agropecuária e impactado a geração de energia elétrica. Os reservatórios das hidrelétricas, responsáveis por cerca de 60% da energia gerada no Brasil, registraram queda acentuada nos volumes de água armazenados, principalmente Sudeste e Centro-Oeste que, desde maio de 2024, apresentam os piores índices de afluência desde 1931. No Norte e Nordeste, a situação é igualmente alarmante, com volumes próximos aos mínimos históricos.

A baixa disponibilidade de água não afeta apenas o meio ambiente, mas também a economia. A escassez hídrica elevou os custos da geração de energia elétrica, resultando no acionamento das bandeiras tarifárias mais caras. Em 2024, o Brasil enfrentou uma sequência de aumentos: bandeira amarela em julho, seguida pela vermelha nos patamares 1 e 2 em setembro e outubro, respectivamente.

Outro fator preocupante é o elevado índice de desperdício de água potável. De acordo com o Instituto Trata Brasil, 37,78% da água tratada se perde antes de chegar às residências, empresas e indústrias. Em um cenário de seca extrema, essa ineficiência agrava ainda mais a crise de abastecimento.

Chuvas


A mudança climática tem provocado em um aumento da precipitação em várias regiões, com impactos diretos na ocorrência de desastres naturais. O incremento de chuvas por períodos prolongados pode provocar inundações fluviais, enquanto chuvas intensas e curtas, tendem a gerar inundações pluviais que causam alagamentos repentinos.

As inundações de rios são fenômenos naturais recorrentes em muitas partes do mundo, especialmente na Europa, onde, nas últimas três décadas, chuvas intensas e tempestades resultaram em fatalidades, afetaram milhões de pessoas e causaram danos econômicos significativos. A frequência dessas inundações deve aumentar globalmente nos próximos anos.

Em 2024, o Brasil apresentou chuvas extremas em várias regiões, impulsionadas por fatores como o El Niño e o aquecimento global. Entre abril e maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou as piores enchentes de sua história. Cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas, com 442 mil moradores obrigados a deixar suas residências. As chuvas intensas interromperam o abastecimento de água em mais de 640 mil residências e deixaram 440 mil clientes sem energia elétrica. As inundações também causaram bloqueios em diversas estradas estaduais devido a deslizamentos de terra, destruição das vias e queda de árvores.

Ao todo, 478 municípios gaúchos foram atingidos por inundações, deslizamentos e quedas de barreiras. O número de mortos foi estimado em 183, com 806 feridos e 56 desaparecidos. Além disso, mais de 580 mil pessoas foram deslocadas de suas casas, com cerca de 68,5 mil abrigadas em locais temporários.

A capital Porto Alegre registrou níveis recordes no Lago Guaíba, que atingiu 5,33 metros, superando a marca histórica de 1941. A enchente resultante causou alagamentos extensos em várias áreas da cidade, bloqueando ruas e isolando bairros inteiros. O Aeroporto Internacional Salgado Filho teve suas operações suspensas devido às inundações, e importantes pontes sobre o Guaíba foram fechadas, interrompendo as principais conexões da capital com outras regiões do estado.

As consequências econômicas foram severas, com danos estimados em R$ 4,6 bilhões, especialmente no setor habitacional. A Confederação Nacional das Seguradoras classificou o evento como o maior sinistro do setor de seguros causado por um único desastre natural na história do Brasil, com pedidos de indenização superiores a R$ 1,6 bilhão até maio de 2024.

Em outras áreas, especialmente no litoral e no interior do país, também ocorreram volumes de chuva acima da média, exacerbando os efeitos das mudanças climáticas.

Nível do Mar

Nos últimos 50 anos, o nível do mar subiu entre 20 e 25 centímetros no mundo, devido a uma combinação de fatores, como o derretimento das calotas polares e das geleiras e a expansão térmica da água do mar. Esse aumento tem acelerado nas últimas décadas, e a tendência é que continue nos próximos anos. Esse fenômeno representa uma preocupação crescente, especialmente para regiões costeiras e pequenas ilhas, que são particularmente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

No Brasil, cerca de 20% da população vive a menos de 50 km da costa, e essas áreas são de grande importância econômica, responsáveis por uma parte significativa do PIB nacional, devido à atividade pesqueira, ao turismo, à indústria e ao comércio portuário. O valor econômico dos ativos localizados nessas áreas litorâneas é incalculável. O aumento do nível do mar, associado à intensificação das tempestades e inundações, coloca essas regiões em risco, podendo gerar impactos econômicos consideráveis, especialmente em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram grandes cidades portuárias e centros econômicos. Além disso, as zonas costeiras brasileiras abrigam grande parte da biodiversidade marinha e ecossistemas naturais, essenciais para a economia, o turismo e a manutenção dos serviços ambientais.

Esse panorama é compartilhado por outras regiões ao redor do mundo. Na União Europeia, por exemplo, cerca de um terço da população vive a menos de 50 km da costa, e essas áreas geram mais de 30% do PIB total da União Europeia.

A crescente ameaça do aumento do nível do mar acentua o risco de inundações e erosão nessas regiões, afetando a infraestrutura, as empresas e os ecossistemas locais. Além disso, o avanço da água salgada pode reduzir a quantidade de água doce disponível, contaminando os lençóis freáticos e afetando a agricultura e o abastecimento de água potável. Esse processo também comprometerá a biodiversidade nos habitats costeiros, com a perda de pântanos e outros ecossistemas essenciais, colocando em risco espécies únicas de fauna e flora.

Biodiversidade

As mudanças climáticas têm provocado impactos significativos na biodiversidade global, afetando diretamente os ciclos de vida e o comportamento de diversas espécies. Alterações na fenologia, como mudanças nos períodos de migração, reprodução e floração, têm sido observadas, assim como variações na abundância e distribuição de espécies. Essas mudanças influenciam a composição das comunidades biológicas, a estrutura dos habitats e os processos ecossistêmicos.

Além dos impactos diretos, as mudanças climáticas também causam efeitos indiretos na biodiversidade, como a fragmentação e perda de habitats. A exploração excessiva de recursos naturais, poluição do ar, água e solo, e a disseminação de espécies invasoras reduz a resiliência dos ecossistemas, comprometendo sua capacidade de fornecer serviços essenciais, como regulação climática, fornecimento de alimentos, ar e água limpos, e controle de inundações e erosão.

A velocidade com que essas mudanças ocorrem supera a capacidade de adaptação de muitas espécies. Espécies especializadas, restritas a habitats específicos, enfrentam um risco maior de extinção. Por exemplo, no Brasil, espécies como o boto-vermelho e o tamanduá estão ameaçadas. Pesquisadores destacam que animais com baixa capacidade de dispersão, como diversos anfíbios que dependem de condições climáticas específicas, estão particularmente vulneráveis.

Estudos indicam que a biodiversidade global tem diminuído entre 2% e 6% por década nos últimos 50 anos. Essa perda está interligada a problemas como escassez de água, segurança alimentar e saúde, formando uma reação em cadeia que agrava outras crises. Fatores diretos e indiretos, incluindo mudanças no uso da terra, exploração insustentável, espécies invasoras e poluição, além de fatores socioeconômicos como consumo excessivo e crescimento populacional, impulsionam essa perda.

Solo

As mudanças climáticas podem agravar a erosão, o declínio da matéria orgânica, a salinização, a perda de biodiversidade do solo, os deslizamentos de terra, a desertificação e as inundações. O efeito das mudanças climáticas no armazenamento de carbono do solo pode estar relacionado à alteração das concentrações de CO2 atmosférico, ao aumento das temperaturas e à alteração dos padrões de precipitação. Eventos de precipitação extrema, derretimento rápido de neve ou gelo, altas descargas de rios e aumento das secas são todos eventos relacionados ao clima que influenciam a degradação do solo. O desmatamento e outras atividades humanas (agricultura, pecuária) também desempenham um papel importante.

Os solos salinos tendem a aumentar nas áreas costeiras como resultado da intrusão de água salgada do mar.

Água Doce

As mudanças climáticas no Brasil também devem causar grandes alterações na disponibilidade de água, com impactos diretos sobre os recursos hídricos. A alteração dos padrões de precipitação, com chuvas cada vez mais imprevisíveis e tempestades mais intensas, afeta as bacias hidrográficas do país, resultando em maiores períodos de seca em algumas regiões e em aumento da frequência e intensidade das inundações em outras.

A escassez de água é uma preocupação crescente no Brasil, especialmente em áreas do semiárido, como o Nordeste, onde a seca prolongada já é uma característica histórica. A previsão é de que a diminuição das chuvas em algumas regiões e o aumento das temperaturas intensifiquem esses períodos de seca, prejudicando o abastecimento de água, a agricultura e o fornecimento de energia elétrica, especialmente nas regiões que dependem de hidrelétricas. Por outro lado, em regiões como o Sudeste e o Sul, as chuvas mais intensas e os eventos climáticos extremos, como tempestades, poderão gerar um aumento no risco de inundações em áreas já vulneráveis.

O impacto dessas mudanças nas águas interiores do Brasil pode afetar diversas bacias, como as do São Francisco, Paraná e Tocantins-Araguaia, que abastecem milhões de pessoas. A escassez hídrica, aliada à degradação dos recursos naturais e à poluição dos corpos d’água, pode comprometer a qualidade da água, além de afetar a biodiversidade e a segurança hídrica do país. Em algumas regiões, a intrusão de água salgada nos aquíferos, provocada pelo aumento do nível do mar, também pode comprometer a disponibilidade de água potável.

A temperatura da água é um dos parâmetros centrais que determinam a saúde geral dos ecossistemas aquáticos, porque os organismos aquáticos têm uma faixa específica de temperaturas que podem tolerar. As mudanças no clima aumentam as temperaturas da água de rios e lagos, diminuem a cobertura de gelo, afetando assim a qualidade da água e os ecossistemas de água doce.

Ambiente Marinho

Os impactos das mudanças climáticas, como o aumento das temperaturas da superfície do mar, a acidificação dos oceanos e as mudanças nas correntes e padrões de vento, alteram significativamente a composição física e biológica dos oceanos, modificando a distribuição geográfica dos peixes e outros animais marinhos. O aumento da temperatura do mar também permite que espécies exóticas se expandam para regiões onde antes não conseguiam sobreviver.

O aquecimento das águas oceânicas interfere nos processos metabólicos dos organismos marinhos, tornando-os mais suscetíveis a doenças, malformações congênitas e alterações nos ciclos reprodutivos. Além disso, espécies que não conseguem migrar para áreas com condições mais favoráveis enfrentam um risco elevado de extinção. Por outro lado, aquelas que migram podem se tornar invasoras em novos habitats, competindo com espécies nativas por recursos e alterando a dinâmica dos ecossistemas locais.

A acidificação dos oceanos, resultante da maior absorção de dióxido de carbono pela água, prejudica organismos que dependem de carbonato de cálcio para formar suas estruturas, como corais, moluscos e alguns tipos de plâncton. Essa alteração química compromete a integridade física desses organismos, afetando a base da cadeia alimentar marinha e, consequentemente, a sobrevivência de diversas espécies.

A desoxigenação, ou redução dos níveis de oxigênio dissolvido na água, é outro fator crítico. Áreas conhecidas como "zonas mortas" se expandiram, tornando vastas regiões oceânicas inabitáveis para muitas formas de vida marinha. Essa condição leva à mortalidade em massa de espécies e à perda de habitats essenciais para a reprodução e alimentação.

A combinação desses fatores tem resultado em um declínio acentuado de diversas populações marinhas. Por exemplo, estudos indicam que, desde 1970, as populações de tubarões e raias diminuíram em mais de 50%, principalmente devido à pesca excessiva e à degradação de seus habitats. Essa redução afeta o equilíbrio ecológico, já que esses predadores desempenham papéis fundamentais na manutenção dos ecossistemas marinhos.

A perda de biodiversidade marinha não é apenas uma questão ecológica, mas também socioeconômica. Comunidades que dependem da pesca para subsistência enfrentam desafios crescentes devido à diminuição dos estoques pesqueiros. Além disso, a degradação dos ecossistemas marinhos compromete serviços ambientais essenciais, como a proteção costeira contra tempestades e a regulação do clima.

Diversos países dependem significativamente das atividades de pesca e turismo em suas regiões costeiras. Para ilustrar, citamos alguns países que dependem do turismo costeiro e da pesca:

Na Espanha o turismo é um pilar essencial para a economia. Após a pandemia, o país recuperou e superou seus recordes de turistas em quatro anos, posicionando-se como a segunda potência mundial no setor. Essa dependência se deve à capacidade do turismo de gerar rapidamente aumentos no PIB e no emprego.

A Albânia que é conhecida como o "Caribe europeu", experimentou um crescimento turístico de 300% em relação à sua população local em 2024, atraindo mais de 8,5 milhões de visitantes em dois meses. Esse boom impulsionou a economia albanesa, com um crescimento do PIB de 3,4% em 2023.

Em Angola o setor pesqueiro representa aproximadamente 2,7% do PIB, sendo vital para a segurança alimentar e geração de empregos no país.

Refugiados Ambientais

Refugiados Ambientais ou Climáticos por definição se refere às “pessoas que foram forçadas a deixar seu habitat tradicional, temporária ou permanentemente devido uma mudança ambiental acentuada (natural ou desencadeada por pessoas) que comprometeu sua existência e ou afetou seriamente a qualidade de vida”.

Nos últimos dez anos, o mundo testemunhou um aumento significativo no número de refugiados ambientais. De acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), entre 2014 e 2024, aproximadamente 220 milhões de deslocamentos internos foram causados por condições meteorológicas extremas.

Atualmente, estima-se que 60.000 pessoas sejam forçadas a deixar suas casas diariamente devido a desastres relacionados ao clima, um número que dobrou na última década. Esses deslocamentos ocorrem predominantemente em países já vulneráveis a conflitos e instabilidades, exacerbando a precariedade das populações afetadas.

Estudos indicam que, até 2050, o número de pessoas deslocadas por desastres climáticos pode chegar a 200 milhões. Além disso, espera-se que, até 2040, 65 países enfrentem riscos climáticos extremos, aumentando a probabilidade de deslocamentos forçados em massa.

A falta de financiamento adequado e estratégias de adaptação insuficientes agravam a situação, deixando as populações deslocadas em condições de vulnerabilidade extrema. A crise climática, aliada à degradação ambiental, dificulta a paz e prolonga os deslocamentos de milhões de pessoas.

Diante desse cenário, é imperativo que a comunidade internacional intensifique os esforços para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e implemente políticas eficazes de adaptação e suporte às populações afetadas.

Considerações Finais

Diante do cenário alarmante apresentado, fica evidente que as mudanças climáticas já estão transformando o planeta de maneira profunda e irreversível. Os impactos observados em 2024, desde o aumento das temperaturas e a intensificação de secas e incêndios florestais até as inundações devastadoras e a elevação do nível do mar, são apenas um prenúncio do que está por vir.

A urgência de ações concretas e coordenadas em escala global nunca foi tão premente. Como bem alertou o presidente da COP-30, embaixador André Corrêa do Lago, em sua "carta ao mundo", a transformação na organização socioeconômica é inevitável, e a escolha que se apresenta é entre a mudança "por escolha ou por catástrofe".

O artigo Mudaremos ‘por escolha ou por catástrofe’, alerta o presidente da COP-30, de Claudia Antunes (disponível em: https://sumauma.com/mudaremos-por-escolha-ou-por-catastrofe-alerta-o-presidente-da-cop-30/) destaca a necessidade de um "mutirão global", convocando a sociedade civil, empresas, pensadores e líderes de diversos setores a se unirem em um esforço conjunto para pressionar os governos e implementar soluções eficazes. Essa "aliança de povos", como proposto na carta, é fundamental para superar a "banalidade da inação" e construir um futuro mais sustentável.

No entanto, é crucial reconhecer que a crise climática não é um fenômeno isolado, mas sim um reflexo de um sistema socioeconômico insustentável que prioriza o lucro em detrimento do bem-estar humano e da preservação ambiental. Como ressalta o artigo, "é fácil nomear 'o clima' como inimigo, porque assim não é necessário apontar as desigualdades de raça, gênero e classe que atravessam o aquecimento global, nem os modelos impostos de 'desenvolvimento' que o determinam".

Portanto, a luta contra as mudanças climáticas exige uma transformação profunda em nossos modelos de produção e consumo, bem como o enfrentamento das desigualdades sociais e econômicas que perpetuam a degradação ambiental. A COP-30, a ser realizada em Belém, representa uma oportunidade crucial para impulsionar essa transformação, colocando a Amazônia e a população brasileira no centro do debate global sobre o futuro do planeta.

Como dito na carta da presidência da COP-30, "Nós estamos vendo muito claramente os limites de tratar do tema de mudança do clima apenas entre países, negociando num acordo internacional cheio de regras extremamente complexas. Então nós precisamos de uma virada. E essa virada precisa da sociedade civil.".